Uma sonda espacial soviética, a Kosmos 482, deve cair no planeta entre 9 e 10 de maio deste ano, segundo previsões de especialistas. O objeto orbita a Terra por mais de 50 anos após missão que falhou.
O local exato da queda só será conhecido horas antes, mas a zona de risco abrange todas as regiões entre as latitudes 52°N e 52°S, incluindo o Brasil.
As previsões são da Força Espacial dos EUA e do analista Marco Langbroek, da Universidade de Tecnologia de Delft, na Holanda.
A sonda, projetada para resistir à atmosfera de Vênus, tem alta chance de sobreviver à reentrada e atingir o solo intacta, a cerca de 242 km/h.
Marco Langbroek
Trajetória do objeto. A espaçonave pode reentrar em qualquer ponto ao longo da linha
História de uma falha espacial
A Kosmos 482 foi lançada em março de 1972 como parte de uma missão dupla para estudar Vênus.
Enquanto sua “irmã”, a Venera 8, completou o pouso no planeta, um defeito no foguete deixou a Kosmos 482 presa na órbita terrestre.
Ao longo das décadas, sua órbita foi se aproximando da Terra, e agora está a apenas 350 km de altitude.
“É alarmante, mas não é um alarme de fim do mundo”, afirma Jonathan McDowell, astrônomo do Centro Harvard-Smithsonian (EUA), ao Science News, lembrando que 70% do planeta é coberto por água e áreas desabitadas.
Risco calculado
A sonda pesa cerca de 500 kg e tem estrutura robusta de titânio, similar à usada nas missões Venera. Por isso, pode não se desintegrar na atmosfera. “É como um carro médio caindo do céu”, compara McDowell.
As chances de atingir alguém são de 1 em alguns milhares, mas casos anteriores mostram que fragmentos espaciais já caíram em zonas povoadas.
Em 1972, parte do foguete da Kosmos 482 aterrissou em uma fazenda na Nova Zelândia.
Marco Langbroek
Diferença entre as órbitas da Kosmos 482 em meados de 1972 e meados de 2022
Fragmentos de naves chinesas já foram encontrados na Índia, Indonésia, Malásia e Japão.
No Brasil, pedaços de satélites da SpaceX foram encontrados em anos recentes.
Alerta para o futuro
O caso da sonda soviética chama atenção para o aumento do lixo espacial.
Eugene Zelenko
Selo soviético comemorativo à Venera-8, sonda similar
Samantha Lawler, astrônoma da Universidade de Regina, no Canadá, destaca ao Science News que, com milhares de satélites em órbita — como os 7.000 da Starlink, da SpaceX —, o risco de quedas frequentes cresce. “Se apenas uma fração desses satélites soltar fragmentos, os números assustam”, diz.
Em 2024, partes de naves foram localizadas no Canadá, Austrália e Polônia, além do Brasil. Apesar disso, Lawler tranquiliza: “O risco para uma pessoa específica é mínimo”.
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