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Pix chega aos EUA em meio a ataques de Trump
Publicado em 24/07/2025 10:45
Notícias
Bruno Peres/Agência Brasil
Pagamento via Pix está perto de se tornar uma realidade nos EUA

Pix, sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central (BC) chegou oficialmente nos Estados Unidos, em meio aos ataques do presidente Donald Trump e às investigações conduzidas por órgãos americanos. A partir da última quarta-feira (23), os lojistas credenciados na gigante americana Verifone podem aceitar pagamentos via Pix, por meio de uma parceria com a fintech brasileira PagBrasil.

As duas empresas lançaram o  Pix Internacional, que permite aos turistas brasileiros fazer compras em território americano e pagar diretamente em reais. Tudo isso com conversão cambial automática, sem a necessidade de cartão de crédito e diretamente na maquininha dos lojistas.

A ferramenta promete transformar o consumo dos brasileiros que visitam o país - segundo dados da International Trade Administration dos EUA, 1,9 milhão  saíram do Brasil para "turistar" em terras americanas, onde gastaram US$ 4,1 bilhão em 2024.

Antes, só era possível usar o Pix de forma indireta, por meio de chaves vinculadas a lojistas brasileiros. Com a nova ferramenta, os comerciantes dos EUA podem fazer a venda normalmente, digitando o valor em dólar, e a maquininha irá gerar um QR Code para pagamento.

Ao escanear o código, o consumidor verá o valor já convertido para reais, incluindo o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 3,5%. Assim como ocorre no Brasil, a transação é confirmada rapidamente e cai em seguida na conta do vendedor.

"Estamos muito felizes em nos associar à Verifone para levar o Pix Internacional ao varejo norte-americano", afirmou em nota Ralf Germer, CEO e cofundador da PagBrasil. "Essa colaboração não apenas amplia a presença global do Pix, como também oferece aos lojistas nos EUA uma forma poderosa de capturar os gastos de milhões de turistas brasileiros",  completou.

Vantagens para os lojistas

A novidade traz uma vantagem para os lojistas: com o Pix Internacional, as transações custam cerca de 2%, sem taxas adicionais. Já as operações com cartão de crédito têm entre 2% e 3% de variação, além dos encargos fixos. Por ser instantâneo, o pagamento via Pix reduz o risco de contestações de pagamentos, o que reduz custos operacionais.

A tecnologia foi criada para funcionar com qualquer sistema de pagamento que o lojista já use, sem precisar trocar ou atualizar os equipamentos. Isso é possível graças à API de métodos alternativos de pagamento da Verifone. A empresa, que movimenta mais de US$ 8 trilhões por ano, está presente em 75% dos maiores varejistas dos Estados Unidos e atua em 165 países.

Os Estados Unidos estão longe de ser o primeiro país a "receber" o Pix: em 2023, ele já foi introduzido na Argentina, por meio das maquininhas do Mercado Pago, serviço do Mercado Livre. No ano seguinte, o sistema chegou a Portugal, em parceria com a empresa Unicred.

Na mira de Trump

O Pix começou a ser elaborado em 2018, durante o governo de Michel Temer, e foi lançado oficialmente em 2020, na gestão de Jair Bolsonaro. O método de pagamentos instantâneo logo tomou o lugar de transações tradicionais como TED e DOC, já que não cobra tarifa e faz o dinheiro cair automaticamente na conta.

Segundo o Banco Central, o Pix é o método de pagamento mais popular entre os brasileiros: no ano passado, a população movimentou R$ 26,455 trilhões em transferências instantâneas. Com isso, bancos e operadoras de cartão de crédito, que antes recebiam pelas tarifas, perderam receita.

Foi sob este argumento que, em meio à tensão política e ofensiva protecionista contra o Brasil, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, começou a fazer críticas ao método de pagamento instantâneo. 

Trump pediu que o Escritório do Representante do Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês) investigue o modelo brasileiro de pagamento que, segundo ele, pode impactar os negócios de empresas americanas. Vale lembrar que duas grandes operadoras de cartão de crédito - Visa e Mastercard - são estadunidenses.

"O Brasil parece adotar uma série de práticas desleais em relação aos serviços de pagamento eletrônico, incluindo, mas não se limitando a favorecer os serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo", diz o documento.

No relatório, o escritório americano diz que o Pix pode "prejudicar a competitividade das empresas americanas que atuam no comércio digital e nos serviços de pagamento eletrônico, por exemplo, ao aumentar os riscos ou custos, restringir sua capacidade de fornecer serviços ou realizar práticas comerciais" .

 

Em resposta, o governo brasileiro lançou uma campanha para defender o Pix. Nas redes sociais, várias postagens falam sobre a facilidade do método de pagamento e a importância para a economia nacional, especialmente entre pequenos e microempresários.

 

Fonte :- Pix chega aos EUA em meio a ataques de Trump

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